Se nos alicerçarmos numa visão antropológica da depressão, verificamos, desde a antiguidade, como é uma perturbação que apresenta uma sintomatologia que permanece globalmente estável.

De um modo geral, as manifestações da depressão assumem um cariz idêntico; na idade adulta, na adolescência, e na criança pré-púbere. Contudo, importa sublinhar que algumas características clínicas da depressão assumem contornos diferentes com a idade.

A gravidade da depressão poderá estar associada à intensidade da tristeza e da culpabilidade, assim como a perturbações associadas.

Estudos Epidemiológicos

A depressão clínica é muito diferente do modo transitório de um baixo humor experienciado pela maioria das pessoas como reacção normal a qualquer perda;
10 a 20% da população em geral sofre de depressão durante um período de 1 ano; 12% necessitam de tratamento especializado; 15 a 20% seguem um curso crónico; 75% necessitam de hospitalização;

8 a 12% dos rapazes e 20 a 25% das raparigas apresentam risco de desenvolverem uma depressão durante o seu percurso de vida;
Do inicio até meados da adolescência, as raparigas aumentam a tendência para deprimir;
As raparigas têm duas vezes mais sintomatologia depressiva que os rapazes, se se comparar com iguais frequências em ambos os sexos nas crianças;
O estado de saúde mental pubertário não consegue prever a ocorrência de depressão na adolescência;

Os rapazes parecem apresentar depressões mais graves e uma idade mais jovem;
A expressão sintomática parece variar: mais queixas e preocupações somáticas nas raparigas, mais problemas sociais nos rapazes;
Nenhum factor isolado pode explicar a existência de depressão, mas antes uma interacção de vários factores, tais como: distúrbios a nível do funcionamento neurotransmissor, história familiar de alcoolismo e depressão, perdas precoces de parentes ou rejeição, acontecimentos de vida recentes negativos, ausência de relações íntimas, falta de apoio social, falta de auto-estima prolongada.

Factores Biológicos

As perturbações depressivas tendem a aglutinar-se nas mesmas famílias,
Prevalência aumentada nos familiares directos de indivíduos padecendo de perturbação depressiva

Estudos de adopção evidenciam maiores taxas de depressão nos parentes biológicos do que nos parentes adoptivos.
Alterações na secreção da hormona de crescimento e na regulação da serotonina poderão ser marcadores biológicos importantes.

Maria Sofia Nascimento